Joe Berardo é um empresário que fez história na Madeira e no espaço continental. Nascido na década de 40 do ano passado, foi um self made man, cresceu e enriqueceu a pulso por terras sul africanas, para onde emigrou ainda na adolescência. Para alguns, a sorte sorriu-lhe com muita facilidade. Para outros, o grande grande faro para os negócios tornou-o grande do ponto de vista empresarial.
A Madeira habituou-se a ver Joe Berardo como o emigrante retornado à terra, com recursos económicos avantajados, ganhos com sucesso em explorações mineiras de África, e que decide investir no país de origem. Os hotéis Savoy, a Empresa Madeirense de Tabacos, Sodriprave e outros negócios brilhavam para a família Berardo e desenvolviam igualmente a Madeira.
É de sublinhar o incontestável fascínio deste homem simples e direto pela cultura, pela arte em geral, sendo hoje considerado um dos maiores colecionadores de arte contemporânea.Também aqui, Berardo trouxe à superfície o seu lado polémico, nas várias cisões de opinião com as entidades governativas.
Presidiu a vários bancos e, em 1985, foi distinguido com o título de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique, pelo Presidente da República, Ramalho Eanes. Mais tarde, em 2004, nova distinção: a Grã-Cruz do Infante D. Henrique.
O desaire de Berardo começou a partir do momento em que a ambição terá falado mais alto, apostando “todas as fichas” no Banco Comercial Português. Foi o princípio do fim. Dificilmente cairá no esquecimento facto de o comendador ter solicitado à Caixa Geral de Depósitos um empréstimo substancial para comprar ações do BCP que desvalorizaram num ápice e começou a cavar o infortúnio financeiro do comendador.
Neste momento, os Hotéis Savoy e demais investimentos da família foram alienados a outro investidor e Berardo realiza a travessia no deserto. Mas também ele nos habituou a vê-lo dar a volta às crises. O futuro o dirá.