Inventividade não falta à sinaléctica funchalense

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Foto António Freitas

Com Rui Marote e António Freitas

Os automobilistas do Funchal têm de ter uma capacidade de adaptação notável a diferentes tipos de sinalização. Todos nós aprendemos os preceitos básicos dos sinais de trânsito e daquilo que está consagrado na lei. Os fundamentos do código da estrada, aliás, buscam, grosso modo, uma uniformização entre os diferentes países, de modo que um condutor português a conduzir no estrangeiro não fique totalmente baralhado, e vice-versa.

No entanto, há situações algo desafiadoras, e algumas delas têm proliferado neste nosso pequenino Funchal, agravadas por alguns abusos e pela singular capacidade inventiva da autarquia.

Nas imediações do Cine Teatro Santo António, alguém – arriscar-se-ia sem grande dificuldade tratar-se de moradores dos prédios circundantes – entendeu colocar cartazes com os dizeres “Reservado a Moradores”, seguido, dizeres esses seguidos da reprodução de um sinal de proibido estacionar. Acontece que esses cartazes, que reproduzimos, e afixados em lugares de estacionamento público, em nada estão nos conformes do estabelecido para os convencionais lugares reservados a moradores, pagáveis à Câmara Municipal do Funchal e devidamente assinalados por pintura no chão e sinalização vertical. Pelo que depreendemos sem grande dificuldade que a sua validade legal é menos que nula.

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Foto Rui Marote

Por outro lado, a CMF também não poupa na sua criatividade pictórica e, na tentativa de tornar o trânsito do Funchal mais fluido para os veículos de duas rodas, produziu esta magnífica obra de arte na Rua 5 de Outubro, próximo ao Tribunal. Lá vistoso é. E se calhar até bem intencionado. Mas não há dúvida que é mais uma invenção à qual o automobilista tem de se habituar, e que não era propriamente ensinada nas escolas de condução.

Finalmente, temos essa inovação deliciosa que é o ‘Kiss and Ride’.  Mais um estrangeirismo ao qual temos de nos habituar, nós, os amantes da língua de Camões, e mesmo o Zé Povo, que se pode imaginar o que é ‘kiss’, se calhar já tem algumas dúvidas quanto a ‘ride’, anglicismo que, ainda por cima, pode querer dizer várias coisas, entre as quais montar a cavalo, sem falar do resto.

Criar espaços para deixar passageiro deu bons resultados onde os abusos eram sistemáticos, como por exemplo junto ao Colégio de Santa Teresinha. Os estacionamentos dos papás que iam deixar os meninos à escola tornaram-se mais rápidos e eficientes. Mas no centro da cidade? Já há quem faça deste espaço estacionamento de espera para alguém que foi às compras… E nem sempre há um polícia por perto. Se o problema do estacionamento na baixa do Funchal fosse esse…

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Foto Rui Marote
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Foto Rui Marote