Natasha Dias recomeça do zero na Madeira e tem o sonho de ser cantora

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António Dias e a filha Natasha.

Natasha Dias é a filha mais velha de António Dias, cuja entrevista o FN acaba de publicar. Conta com 17 anos de idade e estuda Línguas e Humanidades na Escola Secundária de Jaime Moniz. Acompanha naturalmente o pai neste regresso forçado à Madeira e apoia-o incondicionalmente, porque “a Venezuela deixou de ser um espaço condigno e livre para se viver”.

Tem uma paixão indisfarçável pelo canto e pela música em geral. Poliglota, os seus hobbies principais são cantar, tocar piano, clarinete – desde os seis anos que o faz – dança e desenho em tela.

É uma voz doce e macia que encanta todos aqueles que a escutam. Não foi ao mediático show televisivo “Got Talent” mas bem poderia afirmar-se nessa seleção nacional de jovens talentos. Tem potencial, como lhe dizem os colegas e aqueles que a escutam.

Lembra-se de começar a cantar desde que começou a “usar a razão”, afirma com um sorriso. Bem humorada e de voz doce, Natasha Dias canta desde pequena. Quando via as séries infantis, pegava numa colher e imagina-se em pleno palco a cantar. Decorava as canções dos filmes favoritos e cantava. represnetava e dançava.

Estudou no Conservatório da Venezuela durante 5 anos, onde aprendeu várias artes. Em casa, outro professor, o pai, também amante da música, já que é baixista profissional. ” Muitas noites, eu deitava-me ouvindo o meu pai tocar…. Foi assim que cresci com a música”, conta ao FN.

Além da paixão pela música, é de notar a fé que esta jovem e família depositam em Deus. “O meu sonho é cantar por todos os países do mundo. Se Deus o permitir, sei que poderei fazê-lo”.

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Quando se lhe pergunta se “o canto e os estudos são conciliáveis”, replica: “Tenho de ter uma boa organização como tudo o que faço. Ás vezes não é fácil . Mas sim, podemos conciliar … O que eu queria fazer era praticar diariamente, uma meia hora, de canto( vocalização, composição, canto e gravações ), naturalmente além dos meus estudos que são mesmo importantes para minha vida”.

O abandono da Venezuela é uma ferida aberta.  “A experiência de deixar a Venezuela foi muito dura, pois foram mais de 16 anos da minha vida maravilhosa lá vividos. É um país precioso. Mas tivemos de deixar a nossa casa, estudos, trabalho, amigos, família. Só chegámos à Madeira com Deus , esperanças , fé e as malas …”

Acontece, segundo nos conta Natasha, a Venezuela, outrora poderosa e acolhedora, “estava ficando horrível com a ignorância, insegurança, o facto de não haver comida nem o direito a uma boa educação…  A maioria da nossa família está a sofrer.  Sinto-me muito triste por tudo o que está a acontecer. Mas temos o amor da família que é muito importante e agora tenho amigos maravilhosos que fiz desde que cheguei e que estão do meu lado. Desde que viemos para a Madeira, as pessoas deram-nos amor.”.

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Premiada nas Vozes do Liceu, na Semana dos Clubes e Projetos.

Neste momento, confidencia-nos, “preciso  de formar-me,  aprender bem o português, aprender mas sobre canto, escolher o curso universitário. Porém, um passo de cada vez”.

A Madeira é vista como “uma ilha maravilhosa do ponto de vista geográfico e não só. As pessoas são lindas, amigas e muito bondosas , com tanto potencial”.

Natasha tem planos para o futuro que passam por fazer um curso superior na Coreia do Sul. A opção será por uma área que una o canto ao trabalho e que envolva as línguas.  Um sonho que vale a pena lutar.