“Calote” aos artistas “mata” Festival Greenland com organização a revelar falhas

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O Greenland Festival de Música 2016, que deveria ter acontecido e não aconteceu, no passado sábado, continua a dar que falar. Segundo o FN apurou junto de fontes ligadas à organização e cantores, um dos principais artistas convidados a atuar neste show que unia a música ao ambiente e à mística urbana terá cancelado a sua participação devido à falta de pagamento do cachet acordado.

Não foi o único. Os artistas não compareceram ao espetáculo por denúncia do contrato. Alguns mesmo apesar de terem viajado até ao Funchal. A falta de pagamento terá sido a primeira das razões para o fracasso do evento. Mas esta “novela” bem real reveste-se de outros contornos.
Recorde-se que este Festival, divulgado nos principais sites da Região, inclusive turísticos, estava aprazado para este sábado e foi cancelado, despoletando revolta e muitas críticas à organização, nomeadamente ao jovem de 19 anos, principal dinamizador do evento, que terá ainda prestado declarações à Polícia, na sequência dos protestos do público que pagou um bilhete de 10 euros e não viu nada. Uma “burla” que ninguém quer calar, apesar das promessas de devolução do valor dos bilhetes e dívidas para a história.
A produção do evento ter-se-á “comprometido a pagar 50% do valor do cachet dos artistas no momento em que os mesmos, junto das respetivas equipas de produção, chegassem ao local do evento. Porém, o produtor alegou não haver verba suficiente para honrar o compromisso acordado: dos quase 4 mil bilhetes, havia-se vendido pouco menos da metade”. E tudo começou a falhar a partir desse momento.
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Foto publicada pelo próprio grupo “No Maka”, nas redes sociais, na noite anterior ao Festival. A foto, intitulado “os sete mosqueteiros, foi tirada frente ao Café Sete Mares, no Funchal. Não chegaram a atuar.
O desaire deste evento que não chegou a sê-lo teve também a ver com o espaço, também ele envolto em celeuma. Segundo apurámos, “inicialmente, o Jardim de Santa Luzia foi o local escolhido, contudo, a mudança para o Tecnopólo fez com que os produtores do evento gastassem cerca de 7 mil euros pelo aluguer do espaço, além da contratação de um autocarro para transportar o público. Pagou-se adiantado o espaço que comportaria facilmente 5 mil pessoas, mas não se vendeu nem 2 mil bilhetes.”

A organização mostrou logo debilidades. “Gastou-se muito dinheiro em aspetos  supérfluos, como os que já foram referidos, esquecendo aqueles que iriam “fazer acontecer” o espetáculo: os artistas”.

Artistas como “Mundo Segundo e Valete” terão recusado atuar também “devido à falta de infraestruturas básicas de apoio: não havia nenhum espaço reservado para que os músicos pudessem preparar-se, apenas duas mesas e uma dúzia de cadeiras improvisadas atrás do palco. Sem privacidade, as diversas equipas de produção teriam de “disputar” espaço para a preparação dos seus concertos”.

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Um dos artistas que ficaram por atuar.
Outros aspetos fundamentais na logística de um evento musical falharam. A saber: “Não havia sequer garrafas de água suficientes para todos os artistas presentes e apenas uma casa de banho, fechada ao público.”

As críticas são também dirigidas ao produtor do evento, que terá revelado “falta de preparação e de experiência na dinamização de eventos deste calibre”. Segundo relataram ao FN, “o produtor culpou as companhias aéreas por atrasos em voos, como foi o caso do “No Maka”. Mas, apesar de os produtores alegarem que os músicos nem sequer tinham embarcado, fotos nas redes sociais comprovam que os artistas efetivamente fizeram-no e frequentaram cafés públicos da Madeira, na véspera do concerto.

Segundo o FN apurou ainda, o produtor, de 19 anos, terá explicado ao público presente o “verdadeiro” problema para o cancelamento dos espectáculos. Seria culpa da Região da Madeira, muito “pequena” para acolher um evento desta magnitude. O público questiona: “Se já sabia disto, porque insistiu num evento que, à partida, não teria estrutura para viabilizar? ”