Foi dos episódios mais caricatos na recente vida política portuguesa. O ministro da Cultura, João Soares, não gostou do que os colunistas Augusto Seabra e Vasco Pulido Valente escreveram a seu respeito e, vai daí (a fazer lembrar uma personagem de comportamento político arruaceiro de má memória), ameaçou-os com ‘salutares’ bofetadas. Que, segundo adiantou, até já estavam há bastante tempo prometidas para um deles.
Os visados ironizaram com as ‘promessas’ do ministro, a opinião pública sobressaltou-se, e João Soares, continuando com a falta de tacto, veio desculpar-se pedindo desculpa aos ameaçados “se os assustei”.
Garantiu que é um homem pacífico e que nunca bateu em ninguém.
Claro que o episódio foi aproveitado por todos os apologistas do politicamente correcto para apelar de imediato à demissão de João Soares.
E claro que António Costa acabou por “naturalmente”, conforme declarou, aceitar o pedido de demissão de João Soares, que só não sabemos se foi forçado ou realmente voluntário. O próprio alega que foi por “solidariedade para com o Governo”.
Só podia, evidentemente, acabar assim.
Este rocambolesco episódio põe fim a um dos mais curtos consulados de que há memória à frente de funções governativas com responsabilidades na Cultura.
O que parece certo, certíssimo e fora de qualquer dúvida, como já se via desde o início, é que João Soares era um erro de casting.
Ora, se a moda das bofetadas pegava… para os que ainda se recordam do passado, seria quase a “madeirização” da vida política nacional (com o devido respeito pelos novos e mais polidos protagonistas actuais do Executivo da RAM). Estepilha…