Mãe de jovem com trissomia 21 apresenta livro nos Louros: vencer a indiferença para com a diferença

emília monteiro
A escritora com o marido e o filho Pedro, a sua inspiração para homenagear o mundo especial da diferença.

Emília Monteiro esteve esta manhã na Escola Básica dos 2º e 3º Ciclos dos Louros para apresentar um livro baseado na vida do filho com trissomia 21 e acabou por partilhar a sua experiência e forma de encarar o mundo da diferença, a partir do momento em que Pedro nasceu com um diagnóstico de 95% de incapacidade.

Foi um relato sentido e emocionado feito na primeira pessoa e que ganhou asas no livro “O girassol que queria ser bailarino”, uma história que fala sobretudo de sonhos, persistência e esperança.

A apresentação aconteceu no âmbito da Semana Regional da Pessoa com Necessidades Especiais e contou com a presença do próprio Pedro Silva, hoje com 19 anos, um jovem que encontrou no projeto “Dançando com a diferença” o espaço de felicidade e crescimento há muito esperado.

O livro “O girassol que queria ser bailarino” foi a forma de Emília Monteiro homenagear não só o filho e a sua família como também todos os que enfrentam barreiras, preconceitos, burocracias e falta de apoios para garantir que as crianças com necessidades especiais tenham a oportunidade de sonhar e concretizar as suas aspirações.

No seu caso, foi preciso inclusive deixar o continente, de onde são naturais. Há três anos a residir na Madeira, a família de Emília Monteiro encontrou na Região os apoios necessários à inclusão do filho. Desde o projeto ‘Dançando com a diferença’, “um milagre na vida do Pedro”, às intervenções técnicas disponibilizadas, o percurso do jovem na Madeira tem sido um somar de sucessos. “O meu filho esteve 17 anos à espera para comunicar. No Continente, eu tive de pagar para que tivesse terapia da fala. Na Madeira, nada disso foi preciso e hoje ele consegue interagir”.

Perante uma plateia composta por docentes e alunos, Emília Monteiro enalteceu o papel dos professores e técnicos que trabalham com as necessidades especiais. “São vocês que permitem a estas crianças e jovens sonhar mais alto, que fazem a verdadeira diferença na vida dos nossos filhos”.

A autora disse esperar que o seu testemunho lance sementes para novos projetos editoriais baseados na vida e percursos de pessoas diferentes, de maneira a dar visibilidade a uma realidade ainda escondida, muito por culpa do preconceito e do desconhecimento. “Eu própria, antes de ter o Pedro, tinha uma grande deficiência que era não entender as pessoas com deficiência. Foi ele quem me ensinou a ser paciente e a ser melhor. Ele continua a ser o meu mestre, porque agora vejo o mundo através dos seus olhos”.

Na ocasião, a diretora da Escola dos Louros, Gilberta Camacho, salientou a importância de dar a conhecer exemplos como o de Pedro Silva, garantindo o empenho da comunidade educativa no sucesso de todos alunos, inclusive os que estão abrangidos pela Educação Especial. Refira-se que este estabelecimento de ensino é escola de referência para surdos, contando nas suas equipas pedagógicas com docentes de Educação Especial, intérpretes e professores de língua gestual, psicólogos e uma terapeuta da fala.

O livro “O girassol que queria ser bailarino” estará à venda no Hotel Sirius, no Funchal. 50% do preço de capa reverte a favor do grupo ‘Dançando com a diferença’.