Se existe é um facto

manuela-parenteO uso de substâncias psicoativas na RAM tem vindo a movimentar-se num registo idêntico ao resto do país. Os jovens, com a sua natural apetência para a descoberta e prazer em correr riscos, têm hoje uma rede de acessibilidade às substâncias psicoativas, licitas e ilícitas, ágil e efetiva. O negócio já se faz entre eles, nos meios e locais que habitualmente frequentam.

Apesar de ser muito importante a apreensão das substâncias é fundamental que as autoridades façam cumprir a lei em todos os locais nomeadamente naqueles, que é do conhecimento público, que se tornaram locais tranquilos de venda e consumo.

A RAM tem um conjunto de respostas das quais se destaca a Comissão para a Dissuasão da Toxicodependência que tem feito um trabalho fundamental. Em articulação com as autoridades policiais avalia cada situação em particular e encaminha para os serviços responsáveis pelo tratamento todos os casos que assim se justifiquem, orientando e acompanhando todos os outros de acordo com as necessidades e características de cada caso. Importa salientar que não é obrigatório o acompanhamento psicológico e/ou médico em todas as situações, por vezes a intervenção da comissão é suficiente para levar os jovens a pensar nas consequências do seu comportamento e redefinir os seu hábitos.

drogas-ram

Na intervenção clinica com jovens consumidores de substâncias psicoativas licitas e ilícitas, observa-se frequentemente disfuncionalidades no sistema familiar. Alcoolismo, violência doméstica, perturbações da depressão e da ansiedade, em alguns casos associadas ao desemprego e às consequentes dificuldades daí advindas, são algumas das situações mais frequentes observar. Atualmente a RAM através das redes de cuidados, integradas nos cuidados de saúde primários, responde a estas situações intervindo e encaminhando para serviços específicos, permitindo uma intervenção multidisciplinar de articulação permanente.

O serviço de saúde da RAM tem atualmente respostas articuladas que para além de responderem às necessidades dos jovens potenciando as suas competências, permitem ainda melhorar a qualidade de vida das famílias ou mesmo das instituições que os acolhem e educam.

A prevenção é e continuará a ser a resposta principal. Permite uma reflexão profunda ao nível do desenvolvimento pessoal e da organização social e comunitária. É um trabalho continuado no tempo que a maior parte das vezes não apresenta resultados visíveis no imediato. Um olhar mais atento e interessado consegue perceber o resultado da intervenção preventiva que a RAM vem a desenvolver desde já há alguns anos. Alterar mentalidades, quebrar estigmas,

aproximar grupos, por vezes divergentes, em função de um objetivo comum, não é de todo um processo fácil mas o serviço de prevenção da RAM tem mostrado resultados, que ainda que por vezes não pareçam evidentes, no imediato, expressam-se com muito rigor e resultados práticos nos diferentes segmentos comunitários.

A RAM tem ainda um serviço específico para o tratamento de adultos com dependência de substâncias psicoativas que desde a sua criação tem vindo a adaptar-se às necessidades e novas realidades de consumo. Apesar de não estar, em minha opinião, a ser dada a atenção devida à ressocialização, a unidade de tratamento é fundamental, não apenas para o tratamento das pessoas dependentes de substâncias, como consequentemente para a reorganização das suas famílias.

As substâncias psicoativas vão sempre existir e o desejo de alguns jovens e adultos se conhecerem nessa dialética também, contudo o mais importante é que existam na comunidade respostas preventivas e reintegrativas que possibilitem cada vez mais um uso consciente e informado. Uma sociedade informada e atenta é uma sociedade capaz de formar pessoas mais equilibradas e mais responsáveis como tal mais produtivas e realizadas.