Estação do antigo comboio poderia dar origem a museu de transportes

 

Comboio no ano de 1906 (Foto: monumentosdesaparecidos.blogspot.com)
Comboio na Madeira no ano de 1906
Foto: monumentosdesaparecidos.blogspot.com

*Com Lília Castanha

Na Madeira, e não só, o património nem sempre é acarinhado, preservado, divulgado e publicitado regularmente, sendo por vezes votado ao esquecimento. Temos vários museus e espaços com valor patrimonial, mas frequentemente são os turistas os seus visitantes mais regulares, quando informados da sua existência.

E eis que surge uma sugestão, chegada ao Funchal Notícias, acerca da preservação do nosso património, mais concretamente, a criação de um núcleo museológico sobre os transportes antigos da Madeira, já que há um abundante manancial de fotografias e objetos sobre o assunto. E um bom local, segundo o que nos chegou, seria junto da Escola de Administração e Línguas da Madeira – ISAL, na Rua do Comboio, palco da outrora Estação do Caminho-de-Ferro.

Neste momento, dos transportes antigos, apenas restam os carros de cesto, hoje em dia com caráter mais turístico e lúdico. Mas nem sempre foi assim, pois quando surgiram em meados do século XIX, eram usados como um meio de transporte rápido para quem quisesse descer do Monte até o Funchal, além do comboio, que surgiu em finais do século XIX, sendo mais tarde a linha férrea prolongada até o Terreiro da Luta.

Podemos lembrar o comboio e os carros de cesto mas há também a rede e os carros de boi, os primeiros barcos que eram o único meio de transporte para chegar à ilha antigamente, os primeiros automóveis e autocarros a rodarem sobre o piso inclinado e empedrado das nossas ruas da altura. E até o primeiro avião a aterrar na Madeira.

Carro de de bois, Avenida do Mar 1937 Foto: http://www.freguesiadomonte.com/
Carro de de bois, Avenida do Mar 1937
Foto: http://www.freguesiadomonte.com/

Os jovens nunca viram, na sua Região, um carro de bois ao vivo. Muitos também desconhecem que a Madeira já teve um comboio ou sabem que os táxis já foram de cor preta e verde. Daí que alguns defensores do património defendam um núcleo museológico que não só preserva a cultura mas informa e forma os cidadãos da sua história.

Seria do nosso interesse ter esse espólio em exposição para sentirmos como é que era a mobilidade na altura. De interesse também seria para as nossas escolas, pois a história também pode ser observada, percecionada e imaginada fora da sala de aula, sem livros e écrans, em especial com visitas guiadas, desde que volte a haver verbas para o deslocamento dos alunos até aos locais de interesse. Por intermédio do património também se ensinam às novas gerações os seus valores culturais e históricos.

De salientar que este seria um espaço a potenciar turisticamente, obviamente, pois os turistas também querem saber da cultura da região que visitam e fotografam e filmam o património. E não é que o Funchal Notícias, na sua pesquisa, descobriu um vídeo publicado em 2008 no YouTube, por “The Travel Film Archive”, já apresentado no nosso site noutro artigo. Publicamos novamente o mesmo pela sua especificidade e importância documental, dado que retrata não só os transportes mas também a restante vida diária em algumas partes da Madeira, em 1931. Este filme de 08.00 minutos, com áudio em inglês, foca também a influência inglesa na cultura madeirense, segundo a sua versão.

 É a nossa Madeira, a nossa gente, que tanto mudou em menos de um século. As imagens falam por si.