A opinião geral é positiva e reflete as expetativas mais otimistas relativamente ao novo ciclo de relacionamento com a diáspora. O Funchal Notícias falou com três figuras conhecidas, no intervalo da sessões de trabalho do I Encontro das Comunidades, na parte da manhã, e constatou que os emigrantes estão recetivos a futuras formas de cooperação, até porque há dinheiro para investir.
Tanto José Nascimento (África do Sul), como Aleixo Vieira (Venezuela) e Décio Gonçalves (Canadá) garantem que há benefícios mútuos neste reaproximar que é urgente. E aproveitam a iniciativa da Secretaria Regional dos Assuntos Parlamentares e Europeus para deixar ao Governo Regional algumas sugestões.
“Há uma necessidade de aproximarmos ambas as partes para benefício mútuo. Há muito conhecimento e experiências da parte dos não residentes que podem ser muito úteis à Região. Não só do ponto de vista técnico (basta ver os prémios atribuídos a descendentes de portugueses), mas também na capacidade de promover o turismo e de atrair investimentos para a Madeira, sobretudo daqueles países onde a situação política e económica está duvidosa, como é o caso da Venezuela.
Em relação à África do Sul, onde nasci e vivi toda a minha vida, devo dizer que nunca houve tanto dinheiro nem tanto negócio nas mãos de madeirenses como agora. É uma coisa inédita na nossa história. Alguém tem de os cativar. Acho que a Madeira podia cativar esse investimento. Em vez de esse dinheiro ir para a Austrália, Canadá ou EUA, por que não atrair para a Madeira?
Na parte do turismo, há que cativar as segundas e terceiras gerações a visitar a Região, no sentido de serem os embaixadores da Madeira em todo o mundo.”
“Espero que este encontro seja para continuar. Durante muitos anos fomos vítimas de ignorância devido ao desconhecimento das pessoas que tutelavam, não a emigração, mas o turismo. Os emigrantes quando cá chegavam eram sempre ignorados como turistas. deixavam o dinheiro nos hotéis e nos restaurantes mas era sempre visto como emigrante. Não havia programas turísticos para segunda, terceira e quarta gerações e eles acabaram por optar por outros destinos.
No aeroporto, por exemplo, para além da mensagem de boas vindas nas várias línguas estrangeiras, é importante que se passe a figurar algo bem mais simples “Bem vindo à sua terra!”. Os nossos conterrâneos vão sentir-se acolhidos.
Não digo que o anterior governo não tivesse feito nada, mas agora, com as novas tecnologias e este entusiasmo renovado, sente-se um novo dinamismo sobretudo em relação às gerações mais jovens que, embora nascidas na Venezuela, têm uma ligação muito forte à terra de origem.”
“Este encontro é uma continuidade de algo que foi interrompido no passado. Ficamos muito contentes com o reatar, porque são muito importantes para as nossas comunidades. A partir daqui podemos definir o futuro sobretudo em relação à nossa juventude. É importante facilitar o acesso dos nossos filhos à terra dos pais. Eles têm muita vontade em conhecer este lugar maravilhoso, mas atualmente é muito difícil. Para cá chegar é preciso pernoitar sempre em Lisboa e nos Açores, o que torna a viagem muito cara. Se possível, gostaria que houvesse uma ligação direta entre a Região e o Canadá como já aconteceu.”