As férias cheiram a praia, a Porto Santo, ao Algarve e a tantos outros destinos de descanso e de evasão do trabalho e das suas agruras. O Estepilha também sabe que o coração dos empresários da hotelaria amolece com o calor e, vai daí, o sol faz ressaltar o lado mais magnânimo da classe, habitualmente implacável e circunspeta. E oferecem-se borlas a figuras públicas, de cá e de lá. Faz parte. Ninguém leva a mal, afinal, quem nunca auferiu de uma borla que atire a primeira pedra.

Mas o Estepilha lembra que há borlas e borlas e algumas podem sair muito caro no futuro. Nos últimos tempos, é moda os hoteleiros colocar, generosamente, no braço de figuras públicas ou de gente com responsabilidades sociais, a tentadora pulseira com o “all inclusive” – expressão que, em tradução livre, significa tudo incluído na borla, paparoca, banhos, diversão e estadia nos luxuosos quartos. Eles são empresários, políticos e até alguns indivíduos com responsabilidades sociais que agradecem tamanha generosidade.

Acontece que, depois do verão, vem o outono… vem o inverno. O Estepilha lembra: quando o generoso empresário quiser subir um andar, ou alargar um passeio ou até fazer uma obra que conflitue com o Plano Diretor Municipal ou outro documento estratégico regional, terá liberdade para dizer “indeferido”? Terá liberdade para o escrever? Terá à-vontade para o rejeitar? Então, e a pulseirinha, não contou nada?