Portefólio: zona histórica merecia mais cuidado dos empresários e da Câmara

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Fotos Rosário Martins

O Portefólio da Cidade encerra hoje com um olhar sobre o seu rico património. Desta feita, focamos as objetivas na zona histórica da cidade para dar eco de alguns alertas que os defensores do património têm feito chegar ao FN. Ninguém duvida que a Zona Velha da Cidade é muito rica na sua história, é hoje muito bem frequentada, mas não se pode deixar ao largo o facto de a emblemática Rua de Santa Maria, só para dar um exemplo, se transformar numa panóplia de esplanadas a gosto de cada empresário, de grelhados e de odores variados. Tudo isto paredes meias com o património histórico que todos dizem querer preservar.

FullSizeRenderMal a noite cai, esta área é ocupada pelas esplanadas e por uma multidão apenas interessada no consumo, pouco atenta às questões do património. Mas há que sublinhar que, também na Madeira, a história é também para ser vista através do seu património.

Fontes ligadas ao património classificam o cenário que se vive à noite na Rua de Santa Maria – sobretudo entre sábado e domingo – como “surrealista” e responsabilizam “as sucessivas vereações camarárias. “O inqualificável projeto das portas pintadas, a total liberdade e falta de controlo legal, apesar da legislação existente,  dada a proprietários de  restaurantes e lojas de cada um fazer o que lhe dá na real gana, desde anúncios, iluminação imprópria, diversidade de mobiliário urbano (esplanadas e interiores), a inqualificável feira da lagartixa, sem interesse nenhum para colecionadores ou alfarrabistas, falta de planeamento e critério na atribuição de licenças para os espaços comerciais (só se vem restaurantes), excesso de elementos decorativos, cântaros, painéis publicitários, menus,  tudo sem planeamento gráfico ou a mínima consideração estética pelo ambiente.  Tudo isto, acrescentando à falta de respeito pelos moradores (já poucos), que se queixam do ruído”.

FullSizeRenderAs críticas são feitas entre um misto de lamento e revolta. “Esta era uma área que, devido às suas características, podia ser potenciadora de um belíssimo bairro das artes. Deveria continuar a chamar-se Bairro de Santa Maria e ser uma zona com bons restaurantes, alfarrabistas, espaços reservados ao comercio e produção de artesanato, galerias de arte, lojas vintage, acompanhados do Hostel que já possui, do Barreirinha Bar Café, e de todo o património museológico, militar, religioso e civil que possui”.

Por isso, quem tem orgulho no património edificado da cidade lança um apelo à atual gestão camarária, num dia de solenidade: “Cabe à Câmara do Funchal, de uma vez por todas, olhar para o Bairro de Santa Maria, com respeito, conhecimento e atenção pois, basta lembrar que, em caso de incêndio no eixo central da Rua de Santa Maria, desaparecerá tudo numa fração de segundos, pois não possui a mínima facilidade para ali entrar o serviço de bombeiros”.

FullSizeRenderO FN passou, ontem, a partir das 19 horas pela Rua de Santa Maria. As esplanadas já ocupavam parte da rua e o movimento de clientes era intenso, o que certamente motiva os empresários. Mais adiante, quem se dirige à Capela do Corpo Santo, as esplanadas também tomaram conta da entrada nesta área, com os empregados a convidarem para um jantar. Mais adiante, antes de chegar ao Forte de São Tiago, uma multidão a jantar na rua.

Por um lado, é fascinante verificar que os madeirenses e turistas apreciam a zona histórica para os seus jantares e refrescos. Mas pede-se um pouco mais de organização e gosto dos empresários por uma área de valor patrimonial considerável.

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