Novo hotel da Calheta com sabor a cana inova através da simbiose entre a história e o moderno design

SONY DSC
A receção mostra logo a homenagem à Calheta e à cana sacarina. FOTOS Rui Marote

A mais recente unidade hoteleira da Madeira dá pelo nome de Saccharum Hotel Resort & SPA. Inaugurado há pouco mais de quatro meses, tem sido brindado com boas taxas de ocupação e está a revitalizar o comércio e a economia da Calheta. Quem passa pela marginal, logo a seguir ao “irmão” Calheta Beach, depara-se com um imponente edifício, do mesmo tom do betão, inculcado na escarpa, deixando antever um trabalho de engenharia e de escavação brutais. É o Saccharum Hotel, nascido dos escombros de um antigo engenho da Calheta e que a força das máquinas do Grupo AFA conseguiu rasgar a escarpa e desenhar o novo empreendimento hoteleiro de quatro estrelas.

Bem se pode dizer que se enquadra bem na paisagem envolvente, de tons verdes e acastanhados, como a mãe natureza, com um silêncio total que cobre os seus 8 pisos, com 243 quartos, formando também um resort de 4 estrelas superior. Quem lá chega e olha para o alto do edifício, está longe de ter a noção dos materiais de ponta que esta unidade hoteleira tem para oferecer ao cliente, nem do número elevado de turistas que desfruta das suas quatro piscinas de bonito design e que se assemelham a um prolongamento do mar cintilante de sol da Calheta.

SONY DSC
Os detalhes fazem a diferenca no inovador SPA.

A cobrir a ribeira, ao lado da entrada do Hotel, uma diversidade de buganvílias estende os seus ramos e já vai dando cor a este corredor futuramente ainda mais multicolor que cobrirá o caudal de água natural. Mal se entra no hotel, ficamos com duas impressões: os espaços fartos de largura e a sensação permanente de que se está a atravessar uma exploração antiga de canaviais, com o seu emblemático engenho. Imponentes pilares de tons ocres e pedra bruta, ladeando uma receção tendo por pano de fundo um painel colorido da esguia cana de açucar, é o primeiro cartão de visita que se oferece ao turista.

SONY DSC
As piscinas fazem toda a diferença, dando a ilusão de se estar no mar.

Outra característica peculiar transparece neste investimento, amplamente repetido ao longo da visita do FN: “Isto é “alma AFA!”. Por outras palavras, um dos funcionários explica com mais pormenor: “É a família AFA a pôr no hotel a sua boa energia, afinal, somos todos soldados do AFA”. Um empenho que se distribui por todas as estruturas do Hotel, sendo que muitos dos seus adereços peculiares que o decoram foram trazidos de antigos engenhos e restaurados na serralharia do Grupo AFA. A mão criadora e empreendedora de Nini Andrade Silva,. a designer do hotel, atravessa todo o imóvel, nos inéditos candeeiros em forma de alambique, nos corredores com painéis fotográficos de cana sacarina colado nas paredes, nos cadeirões de descanso de formato peculiar e em tantos outros adereços bem integrados nesta novel estrutura.

O nosso guia, o simpático “Sr. Agostinho”, diz ter conduzido o primeiro camião que arrancou as obras de construção do Saccharum, que perduraram por mais de três anos. Esteve na África do Sul 20 anos, serviu o grupo AFA em Angola e está agora encantado com a obra Saccharum, com ainda muitos pormenores por afinar, como é normal num imóvel hoteleiro acabado de inaugurar. Acompanhou todos os trabalhos e fala com evidente orgulho e conhecimento de causa da estrutura e dos seus traços peculiares.

Há uma grande aposta no SPA, com massagens Saccharum através do mel de cana e as camas aguardam o cliente com duas canas típicas madeirenses. Os duches têm odores e cores distintas, a gosto do cliente, e o quarto de sal é um investimento pioneiro. Na piscina interior, os jatos de água diferentes do habitual fornecem uma massagem à cervical e coluna muito agradáveis.

sacarumcana
A homenagem incondicional à cana sacarina e à Calheta de outrora, já na receção.

O Bar do Trapiche, o Grog Bar, o Alambique e a Galeria 1428, concilia os tempos atuais com a história remota da cana sacarina, através de bonitos painéis de fotografia, a preto e branco. A Calheta de outrora, com tudo por fazer, o seu emblemáticos engenhos e a história. Afinal, a cana de açucar não veio do Brasil mas terá sido introduzida na Madeira, em 1425, através da Sicília, segundo as pesquisas históricas do Saccharum.

As quatro piscinas destinam-se a todos os gostos. É vê-las recuadas nos pisos cimeiros, dando a ilusão de que se prolonga para o mar. Mesmo ao lado, uma pequena horta, onde se manteve as bananeiras e os seus fartos cachos de uvas, ainda esverdeados, e o jardim de ervas aromáticas. Uma simbiose interessante entre a hotelaria e a agricultura, muito a gosto do turismo que ama o ambiente.

Sempre a subir, do alto do 8.º andar, uma vereda foi desenhada rocha adentro, formando um pequeno miradouro, com vista soberba para a beira mar da Calheta Nova simbiose entre a hotelaria e a formação geológica da escarpa, com mar a perder de vista. A rocha foi bem segurada por trabalhos aturados de engenharia, pelo que não oferece qualquer perigo aos turistas.

O hotel tem também uma componente de eventos, com uma sala para mais de 80 lugares sentados. Outra, em forma de auditório, alberga mais de duas centenas de convidados.

Os particulares também dispõem no Hotel de um espaço para festas de casamento, batizados e outras celebrações familiares.Mais uma oferta para as festividades não só dos locais mas também dos demais madeirenses.

Com a construção do Saccahrum, foi feito um enrocamento na frente mar e construída uma praia que é de acesso público e gratuito. Além da concorrida praia amarela da Calheta, abre-se mais uma oferta de acesso à praia, desta feita mais recatada.

SONY DSC
Os espaços de relaxamento abundam no hotel.

À saída do hotel, voltámos a namorar o design de tonalidades cinza e castanha e não deixámos de admirar o belo trabalho de arquitetura, do punho do arquiteto Baeta, filho do antigo presidente da Câmara, Manuel Baeta, e demais profissionais, assim como o seu design de interiores da famosa estilista Nini Andrade da Silva.Não é mesmo por acaso que o Saccharum está nomeado para um prémio internacional, fazendo parte de uma seleta lista dos cinco hotéis escolhidos pelo seu design e serviços inovadores.

SONY DSC
Os quartos são amplos e acolhedores a dão continuidade ao mundo temático da cana sacarina.