Novo diretor clínico: “Vou continuar na privada porque nunca escolhi a exclusividade”

EUGÉNIO PORINCIPALÇ
Fotos Facebook de Eugénio Mendonça.

Eugénio Mendonça é o novo diretor clínico do SESARAM, assim escolheu o atual secretário regional da Saúde. João Faria Nunes optou por prescindir dos serviços de um cirurgião cárdio-toráxico, que entrou com Manuel Brito, e foi buscar um homem habituado à intervenção rápida, o coordenador da EMIR, e médico anestesista.

Quando toda a gente esperava que a número um do conselho de administração do SESARAM viesse a ser substituída, mas Faria Nunes mantém Lígia Correia e decidiu mexer nas peças de segunda linha como Rui Alves e Susana Fernão Freitas que são substituídos por Isabel Pita, licenciada em Direitro e administradora hospitalar, e Fabrícia Teixeira, licenciada em gestão de empresas, segundo comunicado emitido pelo SESARAM; ao fim desta tarde. Fabrícia Teixeira foi a diretora financeira deste órgão na altura do presidente Miguel Ferreira.

Fontes hospitalares dizem que a presidente Lígia Correia continua porque tem a confiança do secretário das Finanças, Rui Gonçalves, pelo que a necessidade de pôr as contas da casa em ordem falou mais alto.

De trato fácil e de estilo direto, Eugénio Mendonça declara ao Funchal Notícias que não é político nem nunca ambicionou fazer carreira política. Por isso, quando lhe perguntam, “e agora, dr, o que vai fazer como diretor clínico?”, responde com a serenidade que lhe é característica: “Vou tentar fazer o que todos queremos que é, como utentes que somos, termos um bom serviço no hospital e não criar ainda mais  problemas. Tenho a expetativa de poder contribuir para melhorar o serviço a prestar aos utentes”.

Com “espírito de missão” é como o novo diretor clínico respondeu ao pedido que lhe foi feito por Faria Nunes e vai tentar usar dos seus “parcos conhecimentos” na definição de “um caminho melhor”.

Há 9 anos que também coordena a EMIR. Adianta que vai passar este cargo a outro – ainda não definido – mas promete vestir a farda um dia por semana para ser operacional.

Eugénio Mendonça sempre acumulou a atividade hospitalar com a medicina privada, nomeadamente na Clínica de Santa Luzia e da Sé. Confrontado com a questão, afirma sem rodeios: Vou continuar a exercer a minha atividade na privada. Nunca escolhi a exclusividade, pelo que continuarei a fazer medicina privada, sem naturalmente descurar as tarefas prioritárias da direção clínica”.

O FN sabe que havia pontos de atrito entre o conselho de administração do SESARAM e a direção clínica. Neste ponto, o diretor clínico que se segue adianta: “São pessoas que têm de se entender e não podem estar em lados diferentes da barricada. Apesar de terem visões diferentes, é preciso remar para o mesmo lado. Não fará parte do meu perfil atuar contra o conselho de administração. Só com pareceria é que podemos conseguir chegar a algum lado”.

Questionado sobre se o hospital precisa atualmente de anestesia, este anestesista responde que o que todos os setores em Portugal carecem é de “acalmar as hostes, esperar que este ímpeto da troika seja atenuado a partir de janeiro para se possa atingir certos objetivos em favor das pessoas”.

Hoje, quando foi divulgada a sua nomeação, o FN foi informado por alguns médicos de que é a primeira vez que o diretor clínico não é um chefe de serviço, mas sim assistente graduado. Eugénio Mendonça esclarece que a direção clínica não é nenhum cargo de eleição ou técnico mas sim de nomeação.

Questionado sobre a primeira medida que vai tomar, Eugénio Mendonça aponta aquela que é para si a mais substancial: “a postura a impor, ou seja, aproximar os intervenientes da saúde para participarem ativamente na gestão do hospital, trazendo os problemas e apresentando soluções. Se assim for, é já um caminho. É fundamental ouvir as pessoas, sem cair no extremo do excesso de democracia”.

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Eugénio Mendonça deixa a coordenação da EMIR após nove anos.

Instado a comentar o curto ciclo anterior e dos seus protagonistas que cessaram funções, Brito e João Rodrigues, o diretor clínico replicou: “É uma equipa que me merece respeito pelo trabalho que fizeram e tinha a expetativa que continuassem a trabalhar, mas, por qualquer motivo, como foi anunciado, decidiram ir embora. Mas são pessoas por quem tinha e tenho admiração e confiança. A vida é feita destas coisas”.