O candidato sem medo

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Assembleia Legislativa Regional ou São Bento. O candidato do PTP promete ser igual a si próprio.

José Manuel Coelho já escolheu qual a linha a seguir em São Bento, caso seja eleito nas próximas legislativas nacionais de 4 de outubro. Será de combate garantido contra quem quiser prejudicar a Região. O cabeça de lista pela Madeira do PTP, partido que vai a estas eleições coligado com os movimentos AGIR e MAS, sublinha que não vai mudar a sua forma de atuar na luta contra o regime e os interesses instalados.

“Custe o que custar” é o lema que tem norteado a sua intervenção, levando uma vez mais José Manuel Coelho a “dar o peito às balas”. Se avança na primeira linha, explica, não será por protagonismo, mas porque na Madeira ainda há medos de perseguição e represálias. Distorções de uma democracia refém de corrupção e protecionismos económicos, acusa.

Ímpar no estilo, José Manuel Coelho promete uma campanha aguerrida e frontal nos próximos meses, com total liberdade de atuação, sem autorizações prévias da hierarquia partidária nacional. Tem já alguns alvos na mira das denúncias. A mais direta vai para Miguel Albuquerque, o líder que não encabeça a lista do seu partido “por ter medo de ser julgado pelo povo”.

Em entrevista ao Funchal Notícias, o intrépido candidato do PTP-Madeira afirma que os restantes onze elementos da sua lista estão vinculados ao programa do partido e não à sua pessoa, e que a coligação formalizada esta quinta-feira com o Movimento Alternativa Socialista (MAS) e AGIR representa a opção livre dos lóbis que rodeiam os partidos do arco da governação.

Joana Amaral Dias esteve recentemente na Região para apoiar a candidatura de Coelho à AR. Foto: Rui Marote
Joana Amaral Dias, líder do AGIR, esteve recentemente na Região para apoiar a candidatura de Coelho à AR. Foto: Rui Marote

Funchal Notícias – O Sr. José Manuel Coelho tem sido uma presença constante em diferentes atos eleitorais, tendo inclusivamente apresentado candidatura às Presidenciais de 2011. O que motiva esta intervenção sistemática da sua parte?

José Manuel Coelho – Constante, não diria. Houve várias atos eleitorais aos quais não concorri, como é o caso das últimas eleições autárquicas, outras nas quais concorri, mas não fui cabeça de lista, nomeadamente, as últimas eleições regionais. Naturalmente que estou sempre disponível a dar o meu contributo à sociedade, sempre que os órgãos do Partido Trabalhista assim o entenderem.

 FN – Não receia que esta sua atitude possa ser confundida com oportunismo ou tentativa de “pessoalizar” candidaturas, em detrimento de um conteúdo político-programático consistente?

JMC – Servir e defender os interesses dos madeirenses e portossantenses sempre foi a minha missão, enquanto candidato. E a minha disponibilidade e dedicação, tanto ao partido como à Região, não pode de forma alguma ser encarada como oportunismo. Antes pelo contrário, talvez essa pergunta seja melhor direcionada ao José Manuel Rodrigues, o qual tem sido candidato ao longo de vários mandatos. Gostaria de lembrar que apenas fui deputado durante quatro anos e meio.

Uma das razões que o Partido Trabalhista tem em consideração para indicar o meu nome em várias candidaturas é a falta de liberdades democráticas existente na Região, já que colocando outros candidatos em cabeça de lista, para serem porta-vozes do partido, poderá levá-los a ter de enfrentar processos em tribunal, com a consequente perda de bens patrimoniais. E são poucos os que se predispõe a esse papel.

A título de exemplo, nas eleições regionais de 2011, foram várias as pessoas que recusaram integrar a minha lista. Por medo de represálias recusaram-se a ser candidatos. Simpatizavam e apoiavam a candidatura do PTP mas não queriam dar a cara, porque sabiam que iriam ser perseguidos pelo PSD e seus caciques.

E oportunismo, para mim, é o que Miguel Albuquerque está a fazer, que não é cabeça de lista, porque teme um mau resultado. Quem tem funções de direção política partidária tem de as assumir e ser julgado pelo povo. Além do mais, eu não sou o único candidato. A lista é composta por doze elementos que estão vinculados ao conteúdo político-programático consistente do PTP/ Madeira e não do cabeça de lista.

FN – O PTP vai candidatar-se coligado com o grupo AGIR e MAS. Que contributos têm os vários projetos que se diferenciem dos demais, no âmbito das legislativas nacionais?

JMC – Na Madeira, iremos concorrer com o Partido Trabalhista, não integraremos uma coligação. No entanto, entendemos que no território nacional faz todo o sentido esta coligação de partidos que tem o apoio de forças e movimentos políticos e sociais com alguma expressão, o que não se verifica na Madeira.

Somos forças políticas com novos projetos para a política do nosso país e com vontade de agir, sem estar presos aos lóbis que cercam os partidos do arco do poder.

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O seu estilo intrépido tem gerado desconforto na ALR.

FN – O Sr. Coelho é o cabeça de lista pela Madeira e é de todos conhecido o seu estilo frontal e inédito. Os parceiros da coligação dão-lhe liberdade de atuação durante a campanha ou a estratégia terá de passar sempre pela aprovação prévia?

JMC – A nossa missão é a mesma, portanto, o que conta é objetivo da nossa candidatura e não o estilo de cada um de nós. A candidatura é coletiva, composta por doze candidatos, todos eles darão o seu contributo cada um à sua maneira. Quanto a mim, não tenciono mudar a minha forma de agir – combater o regime e os interesses instalados, custe o que custar! Quanto à liberdade de atuação e estratégia, o PTP-Madeira, tem autonomia total e é neste âmbito que agimos diariamente, sem autorizações prévias da hierarquia partidária a nível nacional.

FN – Já disse que, durante a campanha, vai “abrir o livro sobre situações menos transparentes”. Quer concretizar? Como está delineada a campanha?

JMC – Há muito tempo que o Partido Trabalhista vem denunciando a corrupção e nesta campanha, evidentemente, não será exceção. Vamos continuar a denunciar os negócios ruinosos que prejudicam seriamente a economia da Região. Como por exemplo, a proteção ao Grupo Sousa, que explora os portos da Madeira, gratuitamente, cobrando preços excessivos pelas operações portuárias, fazendo com que os madeirenses tenham de pagar em média os bens essenciais 30% mais caro que no resto do país.

FN – Caso seja eleito, o que podemos esperar de José Manuel Coelho em São Bento? Como irá marcar a sua atuação? Por que é importante o PTP-M estar na AR nos próximos 4 anos?

JMC – A minha atuação é diferente da dos outros deputados. Eu vou para lá para combater todas as leis que a República queira impor em prejuízo da Madeira e do Porto Santo, assim como, aquelas más leis aprovadas por governos anteriores.

A minha luta é sempre a mesma, independentemente, do ato eleitoral. E aos madeirenses e portossantenses cabe-lhes escolher quem serão os deputados mais indicados para defender a Madeira na Assembleia da República. Ou votam nos candidatos dos partidos do arco do poder, que têm mostrado a sua inoperância ao longo dos vários mandatos. Vejamos só os quatro deputados eleitos do PSD, na Assembleia da República: o que fizeram para impedir a discriminação de que a Madeira foi alvo por parte do Primeiro-ministro, no tempo do Alberto João?

Isto é muito simples, quem quer mudar a política da Região e viver com mais e melhores condições pode e deve votar no Partido Trabalhista.

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Conheça quem apoia a coligação PTP/AGIR/MAS

Foram entregues esta quinta-feira, no Tribunal Constitucional, os documentos necessários à formalização da coligação PTP/AGIR, que passará a integrar um novo parceiro, o Movimento Alternativa Socialista (MAS). A coligação candidata às eleições legislativas nacionais de 4 de outubro conta com o apoio de outros partidos e diversos movimentos sociais. Para além do PDA (Partido Democrático do Atlântico), que não chegou a efetivar a candidatura esta quinta-feira “devido a questões burocráticas”, a coligação terá o apoio dos movimentos Nova Governação, Somos Santa Maria da Feira, Somos Lamas, do Movimento contra as SCUTS, do Movimento dos Brasileiros votantes em Portugal, do IBS (Instituto dos Bairros Sociais) e ainda de um grupo de ativistas que participou na resistência contra o regime salazarista na LUAR.