Avião cargueiro de 6 toneladas e meia começa a operar a 1 de Agosto

Miguel Freitas (ˋa esq.) e Ole Christiansen, firmando o acordo
Miguel Freitas (ˋa esq.) e Ole Christiansen, firmando o acordo (foto Rui Marote)

Está garantido o avião cargueiro para servir a Região Autónoma da Madeira. Os responsáveis por esta iniciativa empresarial reuniram esta manhã na Quinta Vigia com o presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque. A operação principia já no próximo dia 1 de Agosto, e prevê uma viagem diária de Lisboa para a Madeira, que sairá da capital às 6h da manhã, chagando ao Funchal uma hora e meia depois.

Miguel Freitas é o proprietário da companhia que efectuará esta ligação, a Fly Mii. É, também, comandante de avião e um visionário que pretende contribuir de forma decisiva para as ligações aéreas na Região. Neste caso, o avião cargueiro servirá não só para trazer para a RAM bens de que os madeirenses necessitam (entre os quais os jornais nacionais e outras publicações) como para escoar produção regional.

A operação funcionará de terça a sábado. No campo informativo, isto quern dizer que os madeirenses passarão a ter acesso à imprensa nacional mais cedo, com excepção do domingo e da segunda-feira, quando os jornais só chegam por volta do meio-dia, ou mais tarde.

Esta aeronave, com capacidade para transportar seis toneladas, é fretada à Blackbird, uma companhia dinamarquesa, cujo CEO, Ole Christiansen, também esteve ontem na companhia de Miguel Albuquerque.

Em dfeclarações aos jornalistas, Christiansen disse que os escandinavos, que adoram a Madeira, estão encantados por poder fazer parte de projecto. “Para nós, é um prazer poder assistir estes senhores na montagem desta operação de carga”, sublinhou. “Acreditamos que será um sucesso”. As negociações entre os parceiros, revelou, demoraram meses: “Agora temos de fazer isto funcionar”. Acessoriamente, prometeu promover no seu país a Madeira, fazendo boa publicidade.

“Esta é a minha primeira vez na Madeira, e estou muito impressionado. Tenho a certeza de que há aqui muito potencial, inclusive no sector turístico escandinavo”, disse.

“Este é um bom negócio para nós. No princípio, começaremos devagar, mas depois evoluiremos”, referiu. Para já, estão previstos três anos de operação, mas a Blackbird espera que a operação possa prolongar-se mais tempo.

O avião que será colocado em funcionamento é relativamente novo no negócio da carga aérea, revelou: trata-se de uma aeronave de fabricação canadiana, o Bombardier CRJ 200, um pequeno jacto com capacidade para seis toneladas e meia.

Já Miguel Albuquerque considerou que o início desta operação tem um significado especial para a Região. “Agora temos de estimular os nossos produtores em todas as áreas, no sentido de canalizar os nossos maravilhosos produtos quer para o mercado continental, quer europeu. Agora temos possibilidade, sobretudo no âmbito das frutas tropicais e do peixe da aquacultura, de escoar a produção. Temos a expectativa de que isto vai trazer um valor acrescentado para os nossos produtos, e, que em termos de dinamização económica, ajudará na criação de emprego. Aliás, já criámos um conjunto de empregos na própria operação aérea, conforme salientou Miguel Freitas. É evidente que há uma contrapartida que é também importante para nós, que é a circunstância do correio e dos jornais chegarem a horas à Madeira. O que estava a acontecer era um perfeito absurdo, o ter aqui os jornais nacionais só ao meio-dia e à uma da tarde. Assim, teremos uma situação que contribuirá para o esbatimento da ultraperiferia”, explicou.

A operação representa um investimento de um milhão de euros. Neste momento, não há qualquer intervenção dos poderes públicos nesta operação, não há nenhuma intervenção directa.

“Acho que este avião tem um preço acessível e bom para o mercado”. A anona, que tem uma produção de 900 toneladas por ano, é um exemplo de um produto regional que poderá, no próprio dia em que é apanhado, ser colocado nos mercados. Poder-se-á, eventualmente, até aumentar a sua produção. O mesmo se passa com o peixe fresco.

Há já um conjunto de operadores interessados, e um conjunto de contratos que já estão a ser firmados, para distribuição dos produtos madeirenses.

“Podemos ter um valor acrescentado em muitas áreas que têm potencial, mas que não estão a ser suficientemente aproveitadas”, referiu o presidente do Governo, que deu como exemplos o maracujá ou o tomate inglês, com grande capacidade de absorção no mercado europeu.

“Esperamos ganhar algum dinheiro e criar riqueza na Madeira. É isso que se pretende”, concretizou Miguel Freitas.