Oposição critica austeridade e não poupa o “colaboracionista” Albuquerque

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Prossegue a sessão comemorativa do Dia da Região com as intervenções dos diversos deputados no Parlamento. Roberto Almada, do Bloco de Esquerda, foi, como já dissemos, uma das primeiras vozes críticas a erguerem-se, no dia de hoje, a par das de Dionísio Andrade (PND) e José Manuel Coelho (PTP). Almada, que se apresentou com um cravo vermelho na lapela, disse que o fazia para que “nunca mais ninguém esqueça que foi a Revolução de Abril que permitiu que esta região tenha órgãos de Governo próprio e que, sem ela, a Autonomia da Madeira não passaria de uma ilusória aspiração ou de um lamentável ‘inconseguimento’”.

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foto: Rui Marote

Mostrando-se cáustico quanto aos atropelos a Abril perpetrados pelo partido da maioria durante anos recentes pelos governos regionais de Jardim, que sempre foram apoiados, denunciou, por Miguel Albuquerque e grande parte dos deputados do PSD que ainda hoje se sentam na Assembleia, o parlamentar do BE considerou-os co-responsáveis pelo “cerceamento de liberdades, calamento de oposições, usurpação da Autonomia e tentativa de assassinar Abril, anos a fio”.

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Aspecto das cerimónias oficiais (foto Rui Marote)

Albuquerque, em particular, não foi poupado, sendo classificado por Almada como “colaboracionista” e “cúmplice” do velho inquilino das Angústias, e não menos culpado do que ele : na CMF, denunciou, cerceou liberdades, calou as oposições, usurpou o poder e nunca quis comemorar Abril”.

O facto de hoje em dia as oposições terem a possibilidade de voltar a ter palavra na sessão solene do Dia da Região é atribuída à acção das oposições. José Manuel Coelho, em particular, que falou antes de Almada, atribuiu a alteração das circunstâncias políticas para uma maior liberdade de expressão, à acção dos militantes reunidos em torno do semanário satírico “Garajau”, perseguidos por anti-democratas e, conforme disse, condenados na Madeira por tribunais presididos por magistrados pró-jardinistas ou mesmo “fascistas”, como se atreveu a dizer.

Mas, voltando a Almada, destaque para a denúncia que fez do facto de a Autonomia ter sido “suspensa pela aplicação do Programa de Ajustamento”.

“Entre passeatas, viagens turísticas e encontros mediáticos com o amigo Passos Coelho, o Sr. PGR ou qualquer outra alma caridosa deste governo, não foi capaz de garantir a solidariedade nacional para resolvermos o problema da Madeira”.

Previu, aliás, que a partir de 2016, quando a RAM começa a pagar os 1500 milhões de euros contraídos ao abrigo do PAEF, o orçamento da Região terá de reservar um valor muito próximo de 450 milhões de euros, anuais, para o serviço da dívida”. Quase 30% do orçamento regional, situação que considerou particularmente preocupante, por ameaçar serviços públicos essenciais.

Por isso, defendeu uma renegociação das condições de pagamento da dívida ao Estado. A solidariedade do mesmo é essencial, realçou, para conseguir folga orçamental.

“A Autonomia não se reerguerá com mais austeridade”, sentenciou Roberto Almada.