Açores paga 134 euros de tarifa aérea aos residentes e estudantes

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A jovem universitária viaja com regularidade dos Açores para o Porto. Fotos DR

A Patrícia Duarte é natural dos Açores e frequenta a Faculdade de Direito da Universidade do Porto. Habituou-se a viajar quer para Lisboa quer para o Porto através da conhecida companhia Sata. O Governo Regional açoriano fixou um teto de tarifa para residentes de 134 euros. Após a viagem efetuada e com os comprovativos dos talões de embarque, o reembolso é imediato também nos Correios.

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A realidade da Região Autónoma dos Açores é completamente distinta da Madeira. Desde logo, porque há muito que o vizinho arquipélago negociou e definiu com o Governo da República Portuguesa apoios oficiais aos estudantes, doentes e residentes que viajam para o espaço continental português. Na Madeira, esta realidade era há muito falada, reivindicada, mas só há menos de um mês o governo de Albuquerque despachou o assunto para avançar em setembro próximo, com valores atrativos (86 euros residentes e 65 estudantes e doentes, incluindo taxas).

O Funchal Notícias quis conhecer mais em pormenor a realidade açoriana, naturalmente com uma abordagem o mais possível próxima da vivência daqueles que frequentemente viajam por motivos de estudos superiores. Hoje em dia, o passageiro recorre cada vez menos às agências de viagens para marcar passagens, fazendo-o tudo on line.  É o caso da aluna universitária Patrícia Duarte.

Segundo o testemunho desta estudante, e devido à contingência dos calendários de exames da sua faculdade, habituou-se a marcar as viagens não com aquela antecedência que permita encontrar preços bem mais económicos, mas mais em cima da hora, o que naturalmente encarece o custo. Antes de mais, salienta que os valores variam muito. Como comprava a viagem perto da data da sua realização, habituou-se a pagar por um bilhete de ida e volta, na Sata, por 250 a 260 euros (cerca de 290 euros para residentes e 250 euros para estudantes).

Chegaram as low coast

Mas os Açores conheceu, no início deste ano, uma mudança significativa nas ligações aéreas: chegaram as tão ansiadas companhias low coast, como a Easyjet. Face ao mercado já concorrencial, a Sata deixou de ter tarifas específicas para residentes e estudantes. “Atualmente é possível encontrarmos passagens a 40 euros ida mais 40 euros volta.  A última passagem que paguei para voltar para o Porto, só de ida, custou 139€ (já sem as tarifa especial para estudante). Mas há a 90€ também. Tudo depende, como é óbvio, do dia da marcação. Quer para para o Porto quer para Lisboa, os preços não variam muito”, explica a estudante universitária.

Com a entrada das companhias aéreas de baixo custo, os açorianos passaram a dispor de uma oferta mais plural e naturalmente com custos mais vantajosos para os clientes. Segundo esta açoriana, “nas low-cost encontramos passagens entre 25€ a 75€ (só ida), e até mesmo a 100€, quando comprada um dia antes do voo, por exemplo”.

A entrada das novas companhias em São Miguel implicou que o governo açoriano revisse os seus procedimentos em termos de definição do tarifário em vigor. Neste sentido, explica Patrícia Duarte, “o governo estabeleceu um valor limite para as passagens aéreas para o território continental. Uma passagem de ida e volta, neste momento, não pode  ultrapassar os 134€ para residentes, incluindo taxas. O reembolso é feito nos correios. Imagine-se, por exemplo: um passageiro paga do seu bolso 200€ de passagem na Sata, realiza a viagem e depois vai com os dois cartões de embarque (o da ida e o da volta) aos correios pedir um reembolso, que é feito de imediato. Neste caso darão 76€ (200 – 134)”.

sata_aviao_terra-628x315Segundo a nossa interlocutora, “os reembolsos começaram a realizar-se devidamente em abril do corrente ano, embora já tivessem sido anunciados antes. Em março houve certos problemas, que o governo atribuiu a questões de índole informática, que fez com que muitas pessoas não tivessem recebido os reembolsos na altura. Mas, a partir do fim de abril as coisas começaram a realizar-se normalmente e conheço pessoas que receberam realmente este reembolso na hora e sem problema nenhum”.

Clima também condiciona

Os açorianos também sofrem grandes perturbações nas deslocações aéreas por força do seu emblemático clima. Segundo a estudante, “ocorrem muitas vezes voos adiados por causa do mau tempo. Em finais de abril, só como exemplo, houve dois dias de voos cancelados e atrasados. As low-cost cancelaram logo, a Sata adiou e foi fazendo os voos quando o tempo melhorava”.

Por outro lado, em relação aos índices de satisfação face ao serviço prestado pela Sata e pelas companhias de baixo custo, Patrícia Duarte opina: “Eu nunca viajei numa low-cost, mas a minha mãe e família já o fizeram. Eu só viajei na Sata e somos sempre muito bem recebidos  e tratados. Além disso, é uma companhia que nos assegura um serviço confortável. Nas low-cost, a minha mãe não achou que o serviço fosse mau, diz que não difere muito e que se faz bem a viagem”.

As agências de viagens açorianas consideram que o governo tem vindo a fazer grandes esforços para melhorar a oferta aérea, a preços bem mais favoráveis do que anteriormente. “Evidentemente que continua a ser um custo para o insular e nem todos os poderão assumir. Mas estamos bem longe dos valores de há uma década e das limitações em termos de oferta de voos e de companhias”, revelou ao FN um agente de viagens da Abreu-Açores.

O FN tentou também registar a posição de um governante açoriano ligado a esta temática. Continuamos à aguardar a resposta do gabinete do secretário regional do Turismo e Transportes, Vítor Fraga para a divulgar oportunamente.