Paulo Matos faz incursão pela serra do Gerês

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Fotos Paulo Matos

No primeiro dia de verão, a serra do Gerês apresenta o aspeto que as imagens colhidas por Paulo Matos documentam: imponente, soalheira, esquecida do mundo e tão azul e verde como só a natureza o pode ser.

geres3Os estudantes universitários têm a vida difícil nestes longos dias de exames. São sebentas intermináveis para folhear, tópicos por memorizar e dias cinzentos de estudo construídos entre a persistência e a ansiedade. Por isso, sempre que há uma folga, nada melhor do que dizer “até já” à baixa do Porto e rumar até às serranias que limpam a alma e enchem o olhar. Habituado a fazer-se à estrada, o estudante madeirense Paulo Matos rumou ainda mais a norte e, de máquina a tiracolo, colheu imagens singulares numa serra saída da primavera.
GERES 11O Gerês é um destes raros exemplos de comunhão absoluta do homem com a natureza, no seu estado mais primitivo. Quando todos procuram os primeiros banhos de verão,  porque as altas temperaturas assim o exigem, há sempre quem vá contra a corrente e prefira evadir-se serra adentro, qual Torga no seu “Regresso” às serras do Marão:

geres4 “Regresso às fragas de onde me roubaram / Ah! Minha serra, minha dura infância!/ Como os rijos carvalhos me acenaram,/ Mal eu surgi, casado, na distância!

Cantava cada fonte à sua porta:/ O poeta voltou! / Atrás ia ficando a Terra morta /Dos versos que o desterro esfarelou.

Depois o céu abriu-se num sorriso / E eu deitei-me no colo dos penedos /A contar aventuras e segredos/ Aos deuses do meu velho paraíso”.

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