Monumento evocativo do primeiro desembarque na ilha inaugurado a 2 de julho em Machico

A maquete em bronze está patente no átrio da Câmara Municipal de Machico.
A maquete em bronze está patente no átrio da Câmara Municipal de Machico.

“Na Rosa dos Ventos – Machico à proa” é o nome do monumento que irá ser inaugurado no próximo dia 2 de julho, naquela cidade, numa homenagem ao primeiro desembarque dos navegadores portugueses há quase 600 anos na baía de Machico. O projeto é da autarquia local com assinatura do escultor Luís Paixão. É suportado integralmente por duas empresas a operar no concelho.

A escultura, da autoria de Luís Paixão, um filho da terra, pretende assinalar um dos marcos importantes da história da Região e inclusive de Portugal. Terá 4 metros de altura e ficará voltada para a baía, na zona junto à praia de areia, homenageando pela primeira vez, de forma merecida e física, os navegadores que em 1419/20 desembarcaram em Machico, marcando assim o início da expansão portuguesa além-mar, naquele que é conhecido como o período áureo dos Descobrimentos.

A cerimónia, marcada para o dia em que os navegadores portugueses terão desembarcado na baía, será de pompa e circunstância, estando já garantido convite ao Presidente do Governo Regional e aos demais autarcas e entidades madeirenses. A organização do Mercado Quinhentista também irá estar presente com grupos de atores e músicos para uma representação histórica do acontecimento.

As obras de montagem do monumento deverão arrancar em meados deste mês, na zona do desembarcadouro, no jardim a montante da praia de areia.

O monumento, esculpido em betão branco, assume a forma de um marinheiro do século XV erigindo o padrão português deixado pelos portugueses ao longo dos territórios ultramarinos que foram sendo ocupados no decurso do processo das Descobertas. A maquete em bronze encontra-se já patente no átrio dos Paços do Concelho.

Machico na primeira página da História

A ideia do monumento evocativo do primeiro desembarque dos navegadores na baía de Machico foi lançada em novembro do ano passado pelo edil machiquense. Em pouco tempo recebeu luz verde por parte dos parceiros contactados, conseguindo Ricardo Franco congregar vontades e apoios para dar corpo a um projeto pioneiro, não só para a Região, como para o concelho.

Luís Paixão, escultor natural do concelho, é o autor do projeto que pretende, ao fim de seis séculos, dar ao concelho mais a Leste da ilha o lugar devido na memória regional e nacional.

“Era tempo de Machico sair do rodapé para assumir a primeira página da História da Região”, referia hoje o autarca de Machico, citando o autor do monumento.

Em declarações ao Funchal Notícias, Ricardo Franco mostrou satisfação pelo facto de o seu município tomar a iniciativa no reconhecimento público que a Região teve no processo dos Descobrimentos. “É incrível como a expansão marítima está visível nos quatros cantos do mundo, desde a Índia passando por África e Américas, e a Madeira não havia ainda, de forma física, dado visibilidade dessa presença. Quase 600 anos depois, vamos cumprir esse desígnio aqui em Machico”.

O autarca referiu ainda o consenso gerado em torno deste projeto, desde a primeira hora.

“Em dois dias, o escultor Luís Paixão apresentou o primeiro esboço e duas semanas depois tive a confirmação dos dois patrocinadores. Ou seja, havia já uma vontade latente no concelho em dar corpo a uma iniciativa desta natureza. Bastou lançar o desafio e coordenar sinergias”, revelou Ricardo Franco.

Sabe-se que os custos inerentes à execução e montagem da escultura ascendem aos 20 mil euros, verba que será integralmente suportada pelo Grupo Enotel e cadeia Continente. Um apoio que terá sido decisivo na concretização do projeto, dada a situação de contenção financeira na autarquia de Machico.

A baía de Machico vai ser a sede evocativa da chegada dos portugueses à ilha.
A baía de Machico vai ser a sede evocativa da chegada dos portugueses à ilha.

Desembarque a 2 de Julho

O ano da chegada dos portugueses à baía de Machico não é consensual. A historiografia antiga defende o ano de 1419, mas os historiadores mais modernos apontam 1420, tendo por base o Livro da Cartuxa que situa corretamente o descerco de Ceuta em finais de 1419, um acontecimento anterior e orientador da descoberta da ilha.

Com base na “Relação dos Descobrimentos da Ilha”, de Francisco Alcoforado, a caravela portuguesa de João Gonçalves Zarco chegou à baía no dia 1 de julho, mas o desembarque só aconteceria no dia seguinte, data em que os marinheiros terão encontrado duas campas, supostamente de Ana D’Arfet e de Robert Machim. Por ordem do capitão, terá então, nesse dia da Visitação de Santa Isabel, sido celebrada missa sobre as sepulturas.