O Papa Francisco continua a mostrar que arrisca tudo em nome da paz mundial, nomeadamente nas zonas com um historial de conflito. Desta vez, o Sumo Pontífice visita este sábado Sarajevo, a capital da Bósnia-Herzegovina, para uma missão de paz, num país que viveu recentemente uma guerra sangrenta e que enfrenta o desafio difícil da reconstrução.
O Funchal Notícia antecipa-se à visita do Papa e dá-lhe a conhecer algumas imagens captadas pela objetiva de Rui Marote em Sarajevo, logo após a guerra, um marco histórico também para o Papa João Paulo II que visitou a capital, em abril de 1997. Aliás, uma estátua do Papa polaco foi instalada na cidade, de maioria muçulmana, para evocar esta viagem.
A Bósnia saiu da guerra mas as marcaras do conflito ficaram na cidade, no rosto da sua gente e nas fachadas dos edifícios. Só o tempo atenua a cegueira dos homens numa guerra cujo fito principal era a independência. Toda a gente recorda o famoso cerco a Sarajevo. o mais longo da história moderna, realizado pela forças sérvias da autoproclamada República Srpska e do Exército Popular Jugoslavo. Um cerco que durou de 5 de abril a 29 de fevereiro de 19996, durante a guerra da Bósnia. Estima-se que mais de 12.000 pessoas foram mortas e 50.000 feridas durante o cerco, sendo 85% das vítimas civis.
O Papa Francisco enviou uma videomensagem aos cidadãos da Bósnia-Herzegovina por ocasião da sua visita à capital Sarajevo, apresentando-se mesmo como mensageiro da paz:“Preparo-me para ir até junto de vós como um irmão mensageiro de paz, para exprimir a todos – a todos – a minha estima e a minha amizade: gostaria de anunciar a cada pessoa, cada família, cada comunidade, a misericórdia, a ternura e o amor de Deus”, assinala Francisco, numa mensagem divulgada hoje pela sala de imprensa da Santa Sé”.
Na gravação, o pontífice argentino convida a população da Bósnia-Herzegovina a unir-se às suas orações para que esta viagem apostólica possa “produzir os frutos esperados para a comunidade cristã e para toda a sociedade”.
O programa oficial da visita inclui encontros com políticos e líderes religiosos. “Vou encontrar-me convosco, se Deus quiser, para confirmar na fé os fiéis católicos, para promover o diálogo ecuménico e inter-religioso e, sobretudo, para encorajar a convivência pacífica no vosso país”.
O Papa garante a todos o seu “afeto” e “proximidade espiritual”, encorajando os católicos a ser testemunhas da fé e do amor de Deus, por uma sociedade que caminhe “rumo à paz.”
A videomensagem conclui-se com um “obrigado e até já”, invocando a proteção de Nossa Senhora.
O Papa Francisco leva como lema da viagem “A paz esteja convosco”, tendo por logotipo uma pomba da paz com um ramo de oliveira na boca. O Papa volta a visitar a periferia da Europa. Depois da viagem à Albânia, que realizou em Setembro de 2014, é a vez de Sarajevo, a 6 de junho. Será a oitava viagem internacional do Santo Padre, o décimo primeiro país que visita, o terceiro na Europa, explicou o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, padre Federico Lombardi,em conferência de imprensa.
A viagem é curta, apenas sábado, mas o Vaticano já anunciou que o programa é intenso. O acolhimento no aeroporto internacional de Sarajevo está previsto para as 09h00 locais (menos uma em Lisboa), seguindo-se a cerimónia de boas-vindas no palácio presidencial e o encontro com as autoridades políticas, com o primeiro discurso do Papa. Posteriormente, preside a uma Missa no Estádio Kosevo, pelas 11h00, antes do encontro “informal” com os bispos da Bósnia-Herzegovina; após o almoço, vai reunir-se na catedral de Sarajevo com membros do clero e de institutos religiosos, às 16h20.
Uma hora depois, o Papa desloca-se ao centro internacional académico dos franciscanos, para um encontro ecuménico e inter-religioso, no qual vai pronunciar a sua quarta e penúltima intervenção.
Pelas 18h30, o Papa argentino reúne-se com os jovens no centro ‘João Paulo II’, antes de se deslocar para o aeroporto internacional, onde decorre a cerimónia de despedida, às 19h45.
Sarajevo foi uma das cidades mais atingidas pela guerra nos Balcãs, após a independência de várias nações que integravam a antiga Jugoslávia, nos anos 90 do século XX.