Ballet Teatro Paz no Madeira Film Festival

ballet teatro paz

Conforme já anteriormente anunciámos, a companhia de dança contemporânea Ballet Teatro Paz, dos Açores, actuará na edição deste ano do Madeira Film Festival, que decorre entre os próximos dias 27 de Abril e 3 de Maio. Hoje debruçamo-nos de forma mais detalhada sobre este grupo, que apresentará no âmbito deste certame, no dia 30, um espectáculo intitulado ‘As Árvores Morrem de Pé’, com coreografia de Milagres Paz.

Esta peça baseia-se no estabelecimento de um paralelismo entre a morte física das árvores e a morte espiritual do Homem. Ambos mantêm-se de pé, seja com dignidade, seja devido ao seu destino, seja simplesmente devido a afastamento, mero orgulho, desilusão, amor ou tristeza… Mas sempre de pé. Firmes e sempre presentes neste mundo que conhecemos, as árvores e a Humanidade complementam-se na sua existência, diz a autora do espectáculo.

Citando um texto de autor desconhecido, em jeito de inspiração sobre esta produção de dança contemporânea, o grupo refere, na informação alusiva a este espectáculo: “Lágrimas de seiva escorrem pelo meu corpo enraizado em folhas soltas de certezas e incertezas na sua raiz. A lua, que em tempos banhou as pétalas da minha curiosidade, agora revela nada mais do que o tapete que as mesmas fizeram. Toda a podridão do mundo que me rodeia corrói pouco a pouco a minha alma de madeira, que, se em tempos foi um tronco, hoje é nada mais do que pó! Assim me encontro e assim me sinto, uma flor à mercê do vento, uma árvore ainda de pé, mas morta por dentro!”

Milagres Paz, a coreógrafa, medita: “Vagueamos através do destino da nossa vida, enfermos da consternação que nos aperta no espartilho de um ser que grita a ausência de verdade, mas que renasce como uma árvore, erecta mas despida de fé, imponente mas desprovida de vontade, e no entanto de pé, às vezes impotente, mas infinitamente PARA CIMA”.

E conclui: “Com este país que possuímos, que nos aperta e nos despe dos nossos sonhos, dedico esta peça a todos os que se sentem demasiado frágeis e cansados para se manterem de pé”.

Milagres Paz é a coreógrafa e directora artística deste espectáculo, que tem como produtores assistentes Eduarda Pato e Luís Paz.

Participam neste evento 13 bailarinos: Carmen Beatriz Miranda, Joana Ledo, Bruna Ferreira, Ana Margarida Andrade, Inês Raposo, Júlia Miranda, Patricia Silva, Rita Pato, Tiago Correia, Luzia Menezes, Cristiana Rebêlo, Maria Pia Sobral e Carolina Ruas.

Tiago Correia, que é o bailarino convidado, é também o coreógrafo assistente. Os assistentes de ensaio são Joana Ledo e Carmen Miranda.

Outro artista convidado é um violoncelista Henrique Constância. O guarda-roupa é de Manuela Pavão, a maquilhagem está a cargo de Cândida Ferreira e a selecção musical é de Milagres Paz, que, com Rui Viveiros, é também responsável pelo desenho de luz.

A música escolhida reúne obras dos mais variados compositores, alguns dos quais nomes sonantes da música erudita do século passado: Dustin O´Halloran, John Cage, Patrick Doyle, J. Ralph Armand Amar, Craig Armstrong, Gabriel Yared Gustavo Santaolalla, Franns Bak Arvo Part, Rumon Gamba John Berger, Tyler Lee Bates e Max Richter. A música original, tocada ao vivo, é da autoria de Henrique Constância.

André Conceição e Rui Viveiros constituem a equipa responsável pelo som e pela luz.

Os bailarinos, do Ballet Teatro Paz, foram treinados na Escola de Dança Paz.

Milagres Miranda Paz é, aliás, directora técnica e professora neste estabelecimento de ensino. Estudou npo Conservatório de Boston, Estados Unidos da América, em 1979,do qual obteve um bacharelato em Dança em 1984. Recebeu também formação em drama, teatro, voz e música.

Venceu o primeiro prémio ‘Ruth Railton’ em piano, a bolsa ‘Valeria Sutton’, o prémio “Quem é quem entre os estudantes das Universidades Americanas”, o troféu ‘Cultura’, da Câmara Municipal de Ponta Delgada, e o troféu de imprensa ‘Os Dez Mais’ na categoria Artista, além do prémio da imprensa ‘Arte e Intervenção’ e do prémio ‘-Artes Performativas’ atribuído pelo Festival de Música dos Açores.

Dançou durante dez anos como solista e bailarina principal em várias companhias profissionais de dança nos Estados Unidos e coreografou várias peças para o Conservatório de Boston e para o ‘New Age Theatre’.

 Em 1990, fundou a Escola de Dança Paz, e em 1997, criou a Companhia de Dança Ballet Teatro Paz.

Desde 1990 que vem desenvolvendo trabalho intenso em São Miguel, Açores, como professora e coreógrafa, tendo dirigido e produzido incontáveis actuações de dança, que resultaram num repertório de mais de cem peças de dança coreografadas por ela.

Foi convidada por várias instituições portuguesas e internacionais para apresentar coreografias de dança nos Açores, Madeira, Portugal continental, Estados Unidos e Brasil.

Foi professora e coreógrafa convidada por Judy Williams para ensinar um curso intensivo de dança nos Estados Unidos da América.

Para este espectáculo, virão nada menos do que treze bailarinos do Teatro Paz
Para este espectáculo, virão nada menos do que treze bailarinos do Teatro Paz

 Foi convidada por Carlos Borba, treinador internacional de patinagem artística, para ministrar pequenos cursos de dança às equipas japonesa e alemã de patinagem artística.

Foi convidada por várias associações teatrais para dirigir workshops de ‘Movimento e Teatro’ e também convidada por várias escolas para apresentar conferências sobre o tema ‘Dança e o desenvolvimento infantil’.

Como coreógrafa, foi convidada para estrear em diversos teatros e auditórios, para participar nos centenários de várias escolas e bem assim nos aniversários de cidades como Ponta Delgada, Ribeira Grande e também da Universidade dos Açores.

Contribuiu para várias instituições de caridade, de educação e dos direitos humanos. Em Abril de 2013, foi convidada para ser membro do Conselho Internacional de Dança da UNESCO, localizado em Paris.

 Foi convidada para ser curadora de ‘Arquipélago’, o Centro de Artes Contemporâneas dos Açores.

Actualmente trabalha numa nova peça intitulada ‘Lavoisier’, e prepara os 25 anos da sua Escola de Dança nos Açores.