Morreu Günter Grass

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O romancista, poeta, dramaturgo e artista plástico Günter Grass, Prémio Nobel da Literatura em 1999, considerado um dos maiores representantes do teatro do absurdo em terras germânicas, faleceu hoje em Lúbeck, Alemanha. Tinha uma casa em Portugal, mantinha alguma ligação com instituições culturais portuguesas e chegou a expor no nosso país obras suas no campo das artes plásticas.

Nascido em Danzig, em 1927, hoje Gdansk , na Polónia, foi chamado com 17 anos de idade para servir nas Waffen-SS, a tropa de elite das forças hitlerianas. Só muitos,muitos anos mais tarde, admitiria tal facto numa biografia, espoletando grande polémica. Foi ferido em 1945, preso na Checoslováquia, e libertado em 1946. Trabalhou em minas e fazendas e também como pedreiro e estudou desenho e escultura na Academia de Arte de Düsseldorf. Frequentou ainda a Academia de Artes de Berlim de 1953 a 1955.

Já escrevia poemas, lidos para um grupo de escritores, o Grupo 47, mas só depois de mudar para Paris, em 1956, passou a dedicar-se à literatura e publicou seu primeiro êxito como escritor, o romance “Die Blechtrommel” (O Tambor, 1956), marcado pela crítica social. Seguiram-se muitas outras obras, entre as quais de teatro. Politicamente situado à esquerda, participou na vida pública de seu país e provocou polémica com a sua produção, renovando a literatura alemã do pós-guerra por meio de textos de ironia e do grotesco, especialmente satirizando a complacente atmosfera do milagre económico da reconstrução pós-nazista. Entre essas obras de produção mais recente está “Unkenrufe” (1992).

Com uma obra contestarária das ideias nazistas que o atraíram na juventude, hoje é considerado o porta-voz literário da geração alemã que cresceu durante o nazismo, e descreve-se a si mesmo como um ‘Spätaufklärer’, um devoto da iluminação numa era cansada da razão. Merecem destaque especial ainda as novelas “Der Butt” (1977), “Das Treffen in Telgte” (1979) e “Die Rättin” (1986).

Mais recentemente, em 2012, tornou a suscitar críticas ao publicar um poema no qual questionava a disposição do Ocidente em ignorar o programa nuclear de Israel e definia o país como uma ameaça à paz mundial. Por causa disso, foi considerado persona non grata em Israel.